Lobo, lobo, lobo!!!
Hoje vamos conhecer um pouco mais da história da Kotick, a foca branca.
Nasci em uma praia onde milhares de focas se reúnem para passar o verão. Como todo filhote, tive que aprender muitas coisas, antes de “poder nadar com minhas próprias nadadeiras”, como dizem as focas. Com meus amigos aprendi a comer peixes, a chapinhar na água e a enfrentar as ondas.
Quando cresci, tive uma experiência que mudou minha vida: conheci os homens. As foquinhas estavam brincando na praia quando eles chegaram, pegaram algumas e as levaram para um lugar onde estavam outros caçadores e começaram a bater nos meus amigos com paus que tinham ponta de metal.
As foquinhas ficaram imóveis, sem qualquer tipo de reação.
Quando contei às outras focas o que tinha visto, só me disseram que, se eu não quisesse ver as focas morrendo, não deveria me aproximar do matadouro.
Não entendi por que pensavam assim e tomei a decisão de procurar outro lugar para meu povo, onde os caçadores não pudessem chegar.
Mergulhei no mar e chorei muito. Meu pranto chegou aos ouvidos de um leão marinho que me perguntou:
- Posso saber por que você está chorando desse jeito?
- Estão matando todas as foquinhas!
- Como você é exagerado! Você não as está ouvindo brincar na praia? Provavelmente, só mataram umas
poucas.
- Mas estão matando! Precisamos encontrar outra praia!
- Você deve descansar um pouco e depois procurar o elefante marinho, que talvez conheça um bom lugar.
- Procuro um lugar seguro para as focas – perguntei ao elefante marinho
- Quem sabe disso é manati, a vaca marinha - respondeu ele - Agora, dê o fora, pois estou muito ocupado. - Ocupado! Ocupaaado...! - gritaram as gaivotas.
Voltei para ouvir a opinião dos meus pais.
Meu pai me aconselhou a deixar as coisas como estavam; minha mãe, que eu deixasse de lado essas preocupações e fosse brincar com as outras foquinhas.
Vai ser mais difícil do que eu imaginava, pensei.
Não devo lutar apenas contra os homens, mas também contra a resignação do meu povo. Mas não tem importância, vou continuar procurando o que creio que é melhor para todos.
Naveguei muitos mares sem descanso. Atravessei sem sucesso águas frias e quentes, águas calmas e tormentosas. Inspecionei ilhas, rochedos e praias buscando um refúgio para o povo das focas. Mas onde quer que chegasse encontrava sempre com mais caçadores.
Foi uma viagem enorme, até encontrar as vacas marinhas. Comecei a segui-las de um lado para outro sem perdê-las de vista. Por sorte sou um bom nadador. Isso e o empenho para salvar meu povo me mantinham atento e ágil, e quase não notava meu cansaço.
Quando finalmente saíram à superfície, fiquei maravilhado. À luz do alvorecer apareceram diante dos meus olhos várias praias de areia suave e dura, rochas lisas boas para criar filhotes e dunas de inclinação suave. Além disso, meu olfato me informou que nenhum homem havia chegado até aquele lugar.
O que mais podia desejar o povo das focas?
Voltei para Novastoshnah, cansado, porém feliz. Contei minha façanha a meus pais e às outras focas. Convidei todo mundo a me acompanhar até o refúgio, mas só umas poucas se convenceram a me acompanhar.
O que eu não sabia, naquele tempo, é que nem sempre é fácil fazer com que todos aceitem uma nova ideia. As focas precisam de tempo para chegar a uma conclusão. Entretanto, quando chegou a temporada da migração, um bom grupo de focas veio ao meu encontro. Assumi a liderança do grupo e iniciamos a travessia do Pacífico rumo à formosa ilha que eu havia descoberto. E a cada ano, mais focas foram se juntando a nós.
Agora vamos a música...
Sou Kotick
(música: Se eu fosse um peixinho)
Sou Kotick, a foca branca
Gosto muito de brincar
Dou mergulhos, como peixes
Como é bom viver no mar.
Sou amigo e companheiro
Sempre pronto pra ajudar
O meu povo só precisa
de um lugar para morar.
Chefes Baloo